domingo, 29 de agosto de 2010

Ninho vazio - Veja


Síndrome atinge mães cujos
filhos deixam o lar


Angela Nunes
Quando os filhos atingem a idade adulta, tornam-se independentes e partem para outra moradia, as mães podem experimentar uma emoção contraditória. De um lado, orgulho e sensação de missão cumprida. De outro, tristeza pela perda da presença deles. Essa situação, corriqueira na vida das famílias, pode converter-se em fonte de um problema de saúde conhecido entre os psicólogos como síndrome do ninho vazio. Segundo a psicoterapeuta Lídia Aratangy, especialista em família, a mulher fica exposta à solidão e ao desalento, que podem desencadear desde males como alergia, dermatite, distúrbio intestinal, dificuldade respiratória ou febre sem motivo aparente até depressão e alcoolismo.
"Isso acontece porque a maternidade ainda ocupa um lugar privilegiado na vida da mulher. Mesmo que ela trabalhe, os filhos consomem seu tempo, seus pensamentos e suas emoções", explica Lídia Aratangy. A síndrome é de difícil diagnóstico, mascarada pelas pequenas moléstias que surgem em decorrência da somatização dos sentimentos. Para agravar ainda mais a situação, a saída dos filhos coincide na maioria das vezes com a chegada da menopausa e o confronto com o início da velhice. De acordo com a também psicóloga Magdalena Ramos, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, caso a relação do casal esteja fortemente apoiada na presença dos filhos, poderá ocorrer uma agravante: o casamento fica sem sentido e o desgaste aflora. Para Lídia, "o importante é conversar muito sobre o assunto e não reprimir o que se está sentindo, aceitar a tristeza e os sentimentos opostos. Depois passa". Ela ressalta que mais tarde, com a chegada dos netos, a mulher descobrirá novas emoções, resgatando a sensação de ser imprescindível e reconquistando o amor-próprio.

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