domingo, 23 de maio de 2010

Gestação e uso de medicamentos antidepressivos

Sem medo de lutar contra a tristeza

Antidepressivos costumam ser desaconselhados na gravidez.

Agora se sabe que o feto pode ser mais prejudicado pela

depressão do que pelos remédios que a combatem

Bebê perfeito

Maria Juliana, que teve depressão na gravidez de sua filha de 3 anos: "Fiquei temerosa de tomar remédios, mas o médico receitou e fui em frente"


Quando soube que estava grávida pela segunda vez, em 2006, a administradora hospitalar curitibana Maria Juliana Roberto, hoje com 30 anos, ficou radiante. Ela e seu marido esperavam ansiosamente a chegada de mais uma criança. A gestação avançou e, de repente, o mundo de Maria Juliana começou a desabar. Ela não tinha apetite, dormia só duas horas por noite e sentia uma enorme angústia, sem razão aparente. "Só queria ficar quieta", ela relata. Uma consulta ao obstetra resultou no diagnóstico de depressão e numa receita de antidepressivo. "Fiquei com medo de prejudicar o bebê com o remédio, mas fui em frente", ela diz. Maria Juliana se curou e, meses depois, deu à luz Ana Júlia, uma menina saudável.


Até há pouco tempo, o mais provável era que o médico tivesse receitado a Maria Juliana um calmante natural e recomendado que fizesse terapia. Temia-se que o risco de os antidepressivos causarem danos ao feto fosse muito grande e não valesse a pena curar a mãe. Ocorre que o número de gestantes com diagnóstico de depressão aumentou exponencialmente nas últimas três décadas. Estatísticas recentes apontam que a doença já atinge 20% das grávidas no mundo – quase o dobro do número de mulheres que desenvolvem a depressão pós-parto. Na década de 80, a depressão era diagnosticada em apenas 5% das gestantes. Com o advento de novas gerações de antidepressivos, os médicos começaram a reavaliar sua opinião sobre tratar a depressão das grávidas com medicamentos.


Há dois meses, a Associação Americana de Psiquiatria fez uma revisão nas recomendações de tratamento da depressão na gravidez. No relatório, a entidade recomenda o uso de antidepressivos em casos de depressão moderada e grave. "A depressão na gestação continua sem tratamento adequado por causa das preocupações com a segurança do bebê, o que é um erro", escreveu a coordenadora do estudo, a psiquiatra Kimberley Yonkers, da Universidade Yale. "Nenhum antidepressivo é 100% inócuo. No entanto, o médico deve avaliar as consequências de não tratar a paciente", diz o psiquiatra Joel Rennó Júnior, do Hospital das Clínicas de São Paulo. Em muitos casos, a depressão na gravidez pode trazer mais danos ao feto do que a medicação em si. A liberação de cortisol, o hormônio do stress, por um longo período pode causar descolamento de placenta, hemorragia e má-formação no feto. Bebês cuja mãe sofreu de depressão na gestação costumam apresentar apatia e déficit de atenção. Os médicos avaliam que as pesquisas que relacionam o uso de antidepressivos pelas gestantes a alterações cardía-cas e hipertensão pulmonar em recém-nascidos são inconclusivas.


Lilo Clareto

Estigma que resiste

Maria Felix, que passou a maior parte de sua primeira gravidez com sintomas de depressão, sem que a doença fosse diagnosticada: "Pensava-se que eram os sintomas da gestação"


Entre os antidepressivos considerados mais seguros durante a gestação estão os que agem apenas nos níveis de serotonina, do tipo Prozac e Zoloft. "Os remédios mais antigos, como o Anafranil, apresentam baixo índice de toxicidade para o feto, mas os bebês podem ter reações de abstinência ao medicamento depois de nascer", diz Rennó Júnior. "A depressão na gravidez é tão estigmatizada que muitos obstetras relutam em diagnosticá-la", diz o psiquiatra Geraldo Possendoro, da Universidade Federal de São Paulo. A dona de casa paulista Maria Felix, de 30 anos, passou a maior parte da sua primeira gravidez no hospital. Ficava irritada, insegura, sentia dores de cabeça e tremores. "Pensava-se que eram sintomas da gravidez e que tudo passaria quando o bebê nascesse", ela conta. Aconteceu o oposto. Depois do nascimento de sua filha, os sintomas pioraram. Só então ela consultou um psiquiatra, que diagnosticou a depressão e prescreveu medicamentos. Hoje, no final de sua quarta gestação, ela ainda teme que as sensações da primeira gravidez se repitam. Caso isso aconteça, o médico poderá voltar a lhe receitar medicamentos.

8 comentários:

  1. estou gravida de dois meses,e meus planos era ter so dois filhos ,todos dois foram de parto normal e nao tive problema algum,quando descobri que estava gravida no mesmo dia adoeci,ja nao comia nem dormia e nao conseguia fazer nada nem cnversar com meus filhos estou tomando medicamentose estou com medo,medo do parto,medo de morrer medo de nao voltara ser quem eu era uma mulher alegre feliz e satisfeita,continuo o tratamento esperando em DEUS que nada de ruim aconteça nem comigo nem com o bebe.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Joice, queria saber como está hoje e q medicação tomou na época,estou passando pela mesma situação q vc passou e realmente tenho medo de não voltar a sentir alegria,me sinto um zumbi.

      Excluir
  2. TOMO MEDICAMENTO ANTIDEPRESSIVO,QUERO ENGRAVIDAR MAS TEMO FICAR SEM A MEDICAÇAO, CONSEGUIR ME CONTROLAR SOU MUITO ANSIOSA AGITADA,MAS NAO QUERO TOMAR NADA P NAO PREJUDICAR O BEBE,ESTOU DIMINUINDO A DOSE, MAS SE NAO CONSEGUIR FICAR SEM VOU TOMAR MEDICAÇAO.FOI BOM LER ESSA MATERIA ME TRANQUUILIZA SABER Q PESSOAS TOMARAM REMEDIO E NADA OCORREU COM A CRIANÇA.
    Q DEUS ME ABENÇOE NA GRAVIDEZ Q TUDO OCORRA BEM..E QUE ABENÇOE A VC TAMBM

    ResponderExcluir
  3. Aline torres. Estou com 3 meses e meio de gestação e ainda não conseguí parar de tomar o antidepressivo,mas conseguí diminuir para a metade do comprimido, ás veses é inevitável não tomar meio pela manhã e meio á noite, mas diante do problema da depressão ser maior vilã que o remédio eu tomo sim, porque tudo na vida tem seus prós e contra. Se o bb corre riscos maior sem a medicação não exito. na segunda gravidez até dei um tempo, porém não pude amamentar como eu queria, sei que nessa não será diferente, mas vou enfrente na certeza que estou fazendo o certo e que Deus está comigo.

    ResponderExcluir
  4. Descobri há uma semana que estou grávida e mais que rápida deixei de tomar os remédios que tomava há cerca de 4 anos consecutivos, eram 5 ao total, isso pq eu já havia diminuído a dose e qtdd nestes últimos tempos com os planos de engravidar. Por enquanto estou bem, até me admiro disso, mas confesso que senti medo e sinto ainda qdo penso nisso. Estou com insônia e agitação, estou com medo de sentir aquela angústia cruel, e rezo todos os dias para que isso não aconteça. Estou tentando manter minha cabeça ocupada, pois não quero tomar nenhum remédio e prejudicar de alguma forma meu bebê, e sei que tenho que ser forte pq tenho uma criança que depende de mim e que preciso estar bem, que é meu filhinho de 6 anos, e mais este bebê que está por vir. Gostaria de dizer que sei bem como não é fácil, mas vamos conseguir. Força meninas!

    ResponderExcluir
  5. Olá Alyne! Sua grabidez ocorreu tudo bem? Eu descobri a gravidez e tb abandonei! Há 15 dias e não tenho sintoma! Oro todos os dias tb para que não venha crise.

    ResponderExcluir
  6. Ola..vim buscar essa matéria porque me trato muitos anos com Anafranil para combater a sindrome do pânico... o obstetra havia recomendado parar... eu já havia diminuído para 25mg... e acabei parando sem o acompanhamento da minha psiquiatra... o que para mim foi um erro... pois acabei tendo uma crise pesada e tive que ir ao hospital, no PS o médico me disse que é pior ter uma crise do que tomar o remédio... Agora voltei a tomar o anafranil e vou passar na psiquiatra para ver o que podemos fazer. Mas essa matéria ajudou muito pois me sinto mais aliviada de saber que o medicamento não vai fazer tão mal para o meu bb.

    ResponderExcluir